Escolher “a melhor parte” escondida...

“Naquele tempo, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa.Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava a sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!”.
O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas.Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”. Lc 10,38-42

Queria partilhar sobre essa passagem de uma forma diferente do que tradicionalmente encontramos. Hoje, a Igreja celebra a memória de Santa Marta, e quem é mais próximo, sabe que é um dia muito significativo para mim.

Essa passagem sempre foi um mistério. Pois entendo a dimensão da sublime importância de rezar, de escolher sempre o Senhor, de tê-lo como primazia em tudo. Mas eu sempre achei que as pessoas interpretavam mal o serviço de Marta, que também era um serviço para Jesus... E que Jesus não estava pedindo que ela parasse de servir, mas que ela nunca deixasse de ter o Senhor como razão e centro do seu serviço.

Bom, um dia, no Fórum Carismático Shalom de 1999 (estou ficando mesmo velha!), um pregador que veio dos EUA para esse evento começou a pregar sobre esta Palavra. Lembro bem que era a Emmir quem fazia a tradução. E ele começou a contar essa historia de uma forma diferente.

Ele narrou exatamente como o evangelista Lucas o fez, contou que Jesus estava na casa de Marta e que Maria ficou aos seus pés e que Marta se pôs a cozinhar e a servir o Senhor e seus discípulos, e que ao interrogar Jesus sobre Maria, foi exortada a escolher a melhor parte, etc. Vocês já sabem o que acontece. Pois bem, o pregador continuou a história dizendo que Marta, depois de ouvir Jesus, foi para a cozinha aos prantos, decidida a ficar aos pés do Senhor quando Ele viesse novamente à sua casa.

O tempo passou e Jesus voltou à casa de Marta, e dessa vez, estavam as duas, Marta e Maria, aos pés de Jesus. Contemplando-O e amando-O. Mas, de repente, eles ouviram alguns soluços de choro vindos da cozinha. Marta correu para ver o que acontecia, e viu o discípulo João chorando muito. Marta perguntou o que houve e João respondeu que estava triste, pois seu Mestre estava cansado, com fome e ninguém havia preparado nada para Ele comer. João chorava e dizia que, dessa vez, ninguém havia escolhido a melhor parte escondido.

Lembro que ao terminar de traduzir a história que o pregador contava, Emmir ficou visivelmente emocionada. E eu também. O que seria de nós sem aqueles que escolhem servir? Sem aqueles que escolhem a “melhor parte” de forma bem escondida? Tem como rezar e não servir ou servir sem antes rezar? Maria e Marta têm muito a nos ensinar.

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