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Mostrando postagens de outubro, 2014

“Maria guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração.” (Lc 2, 19)

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Com Ela aprendi que há muitas coisas que precisam ser guardadas no coração. Uma palavra que grita, um silêncio que dói, uma espera sem fim, uma luta vencida, uma batalha perdida, um sonho, um desejo, um sinal, um caminho, um amor, uma dor. Meditar com coração é mais do que racionalizar os fatos; é abrir espaço para o Mistério, é gerar uma nova maneira de viver o que chegou dentro da alma. Guardar no coração é sentir a espada sem se deixar abater por ela. É ter a coragem de se deixar ferir. É juntar os pedaços que um dia serão inteiros. Guardar no coração é reconhecer o próprio limite de não conseguir enxergar o que ainda não pode ser visto, o que ainda vai ser revelado e o que um dia será completado. Com Ela aprendi que só guarda no coração quem se sabe incapaz de resolver tudo com as próprias mãos, quem reconhece que o tempo germina a semente invisível da esperança, plantada no terreno da fé. Só sabe guardar quem abre mão do domínio da própria vida, quem se deixa conduzir e guia

Tributo a Francisco

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Gosto do cheiro de mato, do mormaço da chuva no chão. Gosto de sentir a brisa e gosto do barulho do mar quando se esparrama na areia como quem parece tomar de volta seu espaço, sem pedir licença a ninguém. Gosto da música e de parar para ouvi-la sem pressa, dançando a letra e vivendo a melodia. Gosto de todas as flores, mas amo a simples beleza das delicadas e fortes margaridas. Também gosto das rosas e até de seus espinhos. Gosto do silêncio do sol quando nasce e do misterioso colorido quando ele se põe. Quem poderia desenhar o céu melhor do que ele já é? Gosto da lua em todas as suas fases, gosto do céu estrelado do interior, regido pela sinfonia dos grilos.  Gosto do sorriso que abre o coração do mundo e da gargalhada que alcança a alma. Gosto das palavras escritas, ditas e cantadas. Mas gosto ainda mais quando o silêncio fala e cala. Gosto da anatomia dos abraços apertados e do carinho espontâneo. Gosto da surpresa e do encanto. E gosto do que é simples, mas fielmente concreto