Tempo de Espera




Prepara o coração porque toda espera é exigente. Prepara a alma para cultivar a esperança. Faz memória, recorre à lembrança, não deixa o tempo roubar a fé. E no silêncio, na solidão da incerteza, deixa que chegue a paz.  A paz das mãos vazias, de quem nada pode fazer, além de confiar.  Fiar-se na promessa, nas flores, nos sinais. Fiar-se também quando não há flores e nem garantias. Fiar-se mesmo quando não conseguir mais.  Porque a espera esvazia, desconstrói e refaz. Porque a espera aperta o peito e prova a razão. Porque a espera faz o cristão. 

Espera quando escurecer, espera que vai clarear. Não há noite sem dia e nem dia sem esperar. Espera porque ela também constrói, surpreende, ensina, traz o que não imaginaria trazer. Germina a alegria, com raízes profundas, no solo do divino querer. Espera porque os olhos não viram o que está preparado. Espera porque ouvido algum sabe o que acontecerá. Espera porque nessa vida, não se está vivo sem esperar.

E se for longo o caminho a percorrer, lembra que mais longe já esteve. Lembra que mil anos podem ser um dia só. E que nesse relógio da espera, o Criador o atrasa e o apressa, dependendo do que for melhor. Mas não se espera parado, se espera como o semeador, que prepara o campo e lança as sementes, mesmo sem saber se a chuva vem. Muitas esperas se alongam porque não há espaço para o novo chegar.

E por essa via, misteriosa, dolorosa e de aprendiz, deixa que o coração amoleça e que a fé cresça, pois durante a espera é que se aprende a ser feliz.

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