Tudo começa no deserto.




Tudo começa no deserto: a obra nova, as quaresmas e as quarentenas dessa vida.  



De repente acaba a água. “Ah, se fosse só isso!”; diria o outro que sente a falta de tudo aquilo que nem sabia que tinha. É uma dura dor da ausência, que parece exaurir as forças da alma. É a dor da solidão, do tempo que não passa, das saudades que se somam, das incertezas e do aparente ócio. É olhar para o horizonte e não conseguir mais vê-lo. Parece a narrativa do fim e não de um começo. O que tem no deserto além do medo? 



Quando estiver muito difícil, lembra que é do deserto que vem a promessa da via que é aberta e da obra nova que surge. É de lá que correrão arroios, que brotará água, que haverá um povo novo. 



Quando parecer longo demais o caminho, não esquece que o deserto é o lugar do impossível, do improvável e do inesperado. É o lugar onde Deus fala ao coração. Escuta. Algo muito importante Ele precisa dizer. Recomeça.



Ninguém sabe ao certo como se entra no deserto. Mas se sabe, de certo, que ninguém sai dele igual.  Não é a ausência que nos muda, não são as faltas que nos definem. Mas é o que temos conosco, quando elas existem, que pode nos guiar. A Presença Dele está mais forte nesse tempo. Sua Voz mais nítida. E não há nada que possa nos separar. Absolutamente nada. Isso não mudou.


E nesse deserto que parece tão longo e, ao mesmo tempo, parece que apenas começou, não deixa que falte a esperança de que pode faltar tudo, mas que o essencial nunca faltará: Deus. Além disso, lembra que Ele é mestre em transformar deserto em jardim. Ainda veremos...

  

“Eis que vou fazer uma obra nova, a qual já surge: não a vedes?”. (Is 43, 19).

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